O AMIGO DO REI ESTA NÚ

22/07/2011 12:49

O amigo do Rei está nu

Serginho com Romário no sonho das árabias: boleiros, baladas

 

“Eu era milionário. Tinha dinheiro demais. Já peguei carro de dar uma volta, não gostar e vender. Nisso eu perdia 80 mil, 100 mil reais. Imagine a pessoa que teve tudo na vida e chegar um momento em que não tem nem o que comer. Aí eu me perguntava: o que vou fazer da minha vida?”.

 Essa é a história de um jogador que despontou para a fama após encarar muita poeira nos campos de futebol do Sul da Bahia e os zagueiros  nada gentis do Campeonato Intermunicipal, que reúne seleções de todo o estado. A fama foi meteórica para Serginho. Da Seleção de Coaraci para o Corinthians, um dos times mais populares do Brasil, sem escalas.

 No Corinthians, gols de placa, inclusive um antológico de bicicleta contra o rival Palmeiras. Roubou a cena e decidiu um jogo contra o Flamengo de Sávio, Edmundo e Romário. Em cinco jogos pelo Corinthians, cinco gols. Um fenômeno,  cotado para a Seleção Brasileira. Roubou a cena e decidiu um jogo contra o Flamengo de Sávio, Edmundo e Romário. “Fiquei conhecido no Brasil todo.Em São Paulo, não conseguia sair na rua”, conta, entusiasmado e saudoso.

 Os gols trouxeram a fama, dinheiro, mulheres, farras. Muitas farras.

O despreparo para a fama, o temperamento forte a rebeldia abreviaram o idílio corintiano. Passou pelo Vasco, Botafogo e Internacional como um meteoro, onde deixou poucos gols e nenhuma saudade dos torcedores. “Eu não treinava, brigava com os treinadores, achava que eu era o bom”.

 Artilheiro ele era, mas estava queimado para o futebol brasileiro, sem espaço nos grandes clubes. Ainda assim, tirou a sorte grande e foi jogar no Oriente Médio. Um sonho das arábias, que atingiu níveis celestiais quando ele marcou três gols na final da Copa da Ásia de 2001, dando um titulo inédito ao Al-Ittihad. Caiu nas graças do rei da Arábia Saudita, Fahed, para quem dinheiro jorrava literalmente do solo, em forma de petróleo.

“Me deram um carro novo, um palácio pra morar, era tanto dinheiro que nem não saia de onde vinha”. Nesse sonho das mil e uma noites, jogou ao lado de um ídolo, Romário, a quem algumas vezes chegou a deixar no banco de reservas. “Tudo o que pedia para Deus, ele me dava”.

 As mil e uma noites nas areias e nos campos de Alah duraram exatos 11 anos. Ao voltar ao Brasil, o sonho de arrumar um clube para jogar se transformouem pesadelo. Trêsanos, e nem um time que valesse a pena lhe abriu as portas. A rebeldia de seus tempos de meteoro ainda estava viva na memória dos dirigentes.

 

O PATRIMÔNIO VIROU POEIRA

 Mas, o dinheiro ganho na Arábia parecia que nunca acabaria. Nunca? “Cheguei a gastar 400 mil dólares em dois meses, nem lembro com o que gastei, achava que ia ter sempre”. No auge do idílio na Arábia, chegou a ter 26 imóveis apenas no Rio de Janeiro, incluindo um apartamento de cobertura num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, reduto de artistas, jogadores famosos e endinheirados.

 

 Em Itabuna, comprou uma mansão no bairro Góes Calmon, outrora meca dos barões do cacau.

 

Numa das festas de São João, desfilou pela cidade num carro avaliado em quase 200 mil reais, o corpo repleto de cordões e pulseiras de ouro e diamantes, pagando todas as despesas para uma turba de amigos de ocasião.

 O dinheiro na conta bancária acabou e os imóveis foram sendo vendidos, um a um, para pagar as contas. O amigo do rei, estava  nu. Passou a andar de ônibus e morar de aluguel. Para sobreviver, teve que pedir emprego a seu ex-empresário Leo Rabelo. “Ele foi salvo aos 45 minutos do segundo tempo”, diz o empresário, num jogo em que nenhum gol imaginário será capaz de devolver o que foi perdido por falta de orientação e de estrutura para encarar a fama passageira.

 “Eu tive tudo e não soube administrar direito. Gastei sem pensar no futuro. Que isso sirva de exemplo para os mais jovens, para que eles ganhem dinheiro, apliquem direito, para que no futuro não venham precisar”. Ou, numa tradução mais literal, “não passem pelo que estou passando”. “Vou tocar minha vida, o que passou, passou. A gente tem que pensar desse jeito. Senão acaba não vivendo”.

 Ou, no caso de  Sergio Ricardo Messias Neves, o Serginho, sobrevivendo.

 (com informações do Sport TV)